História

Com sede em Esquina Londero, Doutor Maurício Cardoso, o Tiaraju Futebol Clube foi fundado em 10 de abril de 1955, pela liderança do professor José Danilo Braun, com o objetivo de disputar partidas de futebol com os times das comunidades vizinhas, como Esquina Pedregulho, Esquina Grápia e Lajeado Vargas, entre outras. 

Professores José Danilo Braun e Pedro Smirdele,
fundadores do Tiaraju
Hoje aposentado, José Danilo Braun reside em Santa Rosa. Fundou o Tiaraju juntamente com os também professores José Rossi, Pedro Smiderle e Ivo Manhabosco. Além deles, desportistas da comunidade como Galdino Ferrari, Galdino Tonel, Heitor Dalla Corte, Gaspro Bernardi, entre outros ajudaram na formação da equipe.

A maioria dos registros se perdeu no tempo. Na busca da história do clube quase nada se encontra de documentos. Quando o clube surgiu para o futebol, era conhecido como Sepé Tiaraju, nome com certeza escolhido em homenagem ao índio guarani de mesmo nome, que foi um líder indígena na região das Missões. Desde o inicio, o verde e o amarelo foram as cores predominantes nos uniformes da equipe, provavelmente em alusão as cores da pátria brasileira. 

O Tiaraju nasceu independente da Comunidade Católica Nossa Senhora de Fátima, de Londero, e foi assim até 1966, quando os membros decidiram integrar o time à Comunidade, como é até hoje. No início, eram realizados apenas amistosos com equipes locais e apenas atletas da comunidade vestiam o uniforme verde-amarelo. Mas, aos poucos, com a proximidade com a província argentina de Missiones, tendo apenas o Rio Uruguai como obstáculo, começaram a ser realizados jogos também com times castelhanos, o que ocorre até hoje, principalmente por parte do grupo de veteranos. A amizade com os hermanos fluiu, e por várias vezes atletas de lá atravessavam o rio para reforçar o Tiaraju.

O primeiro campo, de chão vermelho, localizava-se ao lado da escola da vila. Com um certo declive para o oeste, enquanto um time descia, o outro tinha que subir para o ataque. A equipe sofreu uma pequena parada na primeira metade dos anos 60, reativando a prática do futebol em 1967. Por iniciativa do professor Wilmar Ferrari, foi iniciada a construção de um novo campo, no local onde está localizado atualmente (atrás da Igreja e do Salão da Comunidade), e por um tempo as partidas foram disputadas com meio campo de terra e meio de grama, sendo que só por volta de 1969 o campo foi inteiramente concluído. O clube montou uma boa estrutura, contando com alambrado, lance de arquibancada, vestiários e ainda uma quadra esportiva, valorizando a prática do esporte e os jovens da comunidade.

Na década de 70, havia muita rivalidade com os times comunidades próximas, principalmente com o Juventus de Esquina Grápia (hoje extinto), onde os jogos entre ambos eram ferrenhamente disputados. Além destes, houve várias partidas memoráveis entre Tiaraju e Atlético de Lajeado Vargas, Tupi de Pedregulho, São Luiz de Mandurim, Guarani de Guabiroba, Ipiranga, da cidade, e Farroupilha de Vila Pitanga, entre outros. Estes dois últimos, juntamente com o Tiaraju, Olarias de Vila Pranchada, e Náutico de Correntino, são os poucos times que ainda estão em atividade em Doutor Maurício Cardoso.

O Tiaraju sempre disputou campeonatos municipais, o primeiro em 1969, quando pertencia a Horizontina, e a partir de 1988 em Doutor Mauricio Cardoso. A estréia no primeiro campeonato ocorreu em casa, contra o Olarias. O resultado foi uma derrota de 3 a 1, com uma arbitragem facciosa (costume antigo), de Horizontina, beneficiando o Olarias claramente. O gol do Tiaraju foi marcado por Romeu. Alguns atletas que participaram do primeiro campeonato: Noeli Zanini, Aristeu Bortolin, Zire, Pelé, Celso Ferrari, Donato Dotto, Sérgio Guarienti, Danilo Mota, Flori Zanini, Vilmar Ferrari e Romeu Ferrari.

Cabe ressaltar que hoje o Tiaraju é um dos poucos clubes da região, se não o único, que tem a maior parte do seu elenco formado por jogadores moradores, nascidos ou com raízes em sua comunidade de origem.

Um pouco da história da Comunidade de Esquina Londero

Primeira Igreja de Londero e os habitantes
da Comunidade à sua frente
Na década de 1930, um brasileiro de nome Itálico Londero, adquiriu uma gleba de terras na vizinha República Argentina, na Província de Missiones, para a exploração de madeiras. Londero era natural de Santa Maria e instalou serrarias e beneficiadeiras de madeira na costa do rio Uruguai. Reuniu para isso, um grande número de trabalhadores, formando pequenos povoados, dos quais a maioria eram de brasileiros. A única via de transporte para essa população era o rio Uruguai. A povoação ali formada passou a chamar-se Londero, devido ao nome do proprietário da gleba e das indústrias. Na década de 1940, várias famílias dos municípios de Cachoeira do Sul e de Santa Maria, entre outros, vieram estabelecer-se ali, no então município de Santa Rosa.

De início foi aberto um porto na costa brasileira para facilitar as relações entre os dois núcleos de povoação, pois grandes partes dos provimentos, para os moradores da Argentina, eram feitas no Brasil. Este porto passou a chamar-se Porto Londero, do lado brasileiro e Puerto Londero do lado argentino. Mais tarde, com a vinda de novas famílias, o povoado foi aumentando. Foram abertas estradas e as moradias aumentavam em número.

Construiu-se então uma escola para o atendimento do ensino às crianças, e o lugar escolhido foi mais ao centro, sendo acessível a maioria da população e distante 4 quilômetros do porto. Ao redor da escola, que  também serviu de igreja por muito tempo, instalaram-se diversas famílias, formando uma pequena e próspera população que, devido a um entroncamento de estradas, passou a chamar-se Esquina Londero. O primeiro professor da escola foi Aurélio Nogara, pessoa da própria comunidade que possuía maiores formações.

Na época da fundação, a localidade pertencia a Santa Rosa. Depois, a partir de 1954, ao município de Horizontina, e a partir de 1988, com a emancipação de Doutor Maurício Cardoso, passou a pertencer a este município. Como dito, as primeiras famílias colonizadoras chegaram na década de 40, de origem italiana, provindos das localidades de Vale Vêneto, Ribeirão, São João do Polêsine, Val Fetrina, Val Veronês e Val de Buia, na 4ª Colônia, região da atual Santa Maria. As famílias vindas de lá foram: Chiapinotto, Dotto, Foletto, Bolzan, Ferrari, Pivetta, Rorato, Cremonese, GuarientiDesconsi, Rossarola, Tonel, Vicentini, Michelotti, Zanini, Nardi, Nogara, Bortolin, Pozzobon e Somavilla, entre outras. Depois vieram mais famílias italianas e também de outras descendências.
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COLABORAÇÃO: Atanagildo G. Rorato

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